SwimRun Zêzere

Setembro 15, 2020

Com um ano completamente atípico com as provas de Triatlo Longo como Setúbal, Caminha ou Douro a serem canceladas já andava a ressacar por uma prova e felizmente surgiu o desafio de uma prova de SwimRun no Zêzere, algo que já tinha ouvido falar mas nunca experimentado.

O SwimRun tem vindo a crescer bastante em Portugal visto que temos um país fantástico para a prática da modalidade, com uma boa temperatura da água, grande diversidade de piso para corrida e vastas barragens/costa marítima para nadar. O SwimRun tem como objectivo ir do ponto A ao ponto B intercalando com corrida e natação, onde temos de nadar calçados mas podemos recorrer a um pullboy e palas para ganhar velocidade, flutuabilidade dentro de àgua. Sounds fun, right?

É verdade que não morro de amores pela natação e que não tenho um grande à vontade em trilhos técnicos devido à falta de capacidade para descer mas por vezes é bom diversificar o nosso treino, fazer coisas novas, treinar situações de desconforto e com isso em vista decidi aceitar o desafio do André e do Emanuel mesmo estando com 4 kilos acima do meu peso de competição.

Para primeira vez optei pela distância mais curta porque desconhecia os ritmos de prova, a alimentação, como era arrumar e carregar o pullboy ou palas em corrida e todas as dinâmicas. A prova foi muito bem organizada com diversas categorias como equipas, equipas mistas, feminino e masculino. Estava também divida entre duas distâncias sendo que tenho algumas dúvidas se foi medido pelo Google Maps ou in loco num treino devido às grande falta de àgua das barragens.

A distância total em Standard era 29KM com 4200 metros de natação  e 24.300 metros de corrida com 10 transições enquanto na distância Sprint o total era de 14.000 metros dos quais a nadar 2.300 metros e 11800 metros a correr com 5 saidas e entrada na água.

Sábado , dia de treino

Dia de experiência com o André e pela frente 1100 metros de águas abertas e 5km de corrida em trail intercalado entre 3 segmentos (Link Strava). Foi a primeira vez que experimentei tudo mas mesmo tudo, desde o nadar com sapatilhas, correr de touca, nadar com o porta dorsais, sair de água com pullboy e palas na mão, entrar na água sem esquecer de colocar os óculos, sair a correr subindo montanha acima e o ritmo cardiaco a subir rapidamente.

Para este dia usei as sapatilhas e roupa da prova mas nunca me tinha ocorrido que poderia não secar a tempo. Felizmente com os 32º secou tudo mas claramente tinha tudo para correr mal.  Provavelmente a solução será fazer duas actividades em separado com o fato de neoprene de águas abertas e fazer a transição para a corrida.

O grande objectivo do dia era ter um primeiro contacto com o SwimRun mas também aproveitar para soltar um bocado o corpo, porque gosto sempre de fazer um treino de activação no dia anterior a uma prova.

Domingo, dia da prova

Para começar o dia fiz o habitual pequeno almoço, 6 colheres de sopa com aveia fina cozinhada com mel, canela e banana duas horas antes. De resto um pequeno aquecimento a trote, cerca de 10 minutos só para o ritmo cardiaco subir um bocado e não ir a frio. Visto que não havia chip de tempo, todos os atletas começaram juntos mas com máscara e apenas se podia retirar a mesma 500 metros após num local assinalado com caixotes do lixo gigantes. Havia algumas pessoas com fato curto de neoprene, mas não chegaria aos 10% pois a maioria optou pelos tri-suits de lycra muito devido aos 30º no dia da prova.

A primeira corrida foi a distância perfeita para ter um espaçamento entre os atletas de modo que na primeira natação não existisse demasiado contacto físico. Com o atrapalhar de meter o pullboy entre as pernas, as palas, baixar os óculos da cabeça acabei por deixar fugir o pullboy ainda antes das primeiras 5 braçadas. Felizmente estava dois metros ao meu lado mas aprendi logo a lição para entrar na àgua devo demorar o tempo necessário para meter o material no sitio e arrancar com calma.

Para acabar o primeiro segmento de natação em beleza, perdi o meu porta dorsais que apenas iria servir para “prender” o pullboy na corrida ao corpo. Provavelmente não estaria apertado o suficiente para ter resistência dentro de água, devo nadar muito rápido e não me recordo. Para provas futuras terei de ver outras soluções para transportar os geis e copo para os abastecimentos. Foi um arrancar de prova muito acidentado e atrapalhado mas era necessário voltar a encontrar o ritmo e focar na missão, e assim foi.

A partir da segunda corrida consegui controlar mais o ritmo cardiaco, focando-me na corrida mesmo com alguma dificuldade a subir/andar trilhos mas sem a mínima noção de como estava a correr a prova a nivel de classificação geral. No primeiro abastecimento e como perdi o flask usei a touca para fazer de “copo”. Estranhamente vi chegar o André e o Emanuel que me emprestaram os copos para beber água com mais calma. A partir daqui fomos quase sempre juntos, uns mais rápidos na corrida, outros mais rápidos na natação mas se tivesse sido combinado aposto que não teria acontecido.

De resto a prova correu bastante bem para o que andava a treinar, com uma navegação dentro de àgua relativamente boa e acima de tudo consegui ter melhores sensações quando me consegui acalmar, relaxar e focar na natação. Consegui ganhar algum tempo no segmento mais longo de corrida 5Km, um belo estradão a ser rebocado pelo Emanuel a 4.35 por km já sem touca devido ao forte calor.

Já nos 40 minutos finais começaram a aparecer os primeiros sinais de caimbrãs, embora nunca tenha parado para andar sei que estavam perto. Até hoje ainda não sei o que as causou, se o pullboy, se a natação, se o subir e descer a serra mas terminei a prova com algumas dores na parte interior da coxa do esforço de prender o pullboy.

Apesar de não haver tempos intermédios ou por segmentos devido à falta de chip’s para cada atleta acabei a prova ao final de 3 horas e 16 minutos, lado a lado com o Emanuel e um verdadeiro sorriso na cara de missão cumprida com vontade de repetir. Por último deixo o link da minha actividade no Strava.

Balanço

Para a primeira vez que experimentei o SwimRun, posso dizer que é duro mas fantástico para diversificar uma manhã. Creio que com a experiência que vá adquirindo em provas futuras consiga responder às questões sobre o tamanho das palas, se devem ser mais pequenas para não cansar tanto os ombros, se deverei ter um pull-boy preso à caixa ou como se aguentam as sapatilhas/meias numa prova longa por causa da criação de bolhas.

Tendo em conta os precalços do tamanho do pullboy, deste não estar preso à perna, de ter perdido o porta dorsais sabendo de antemão que a regra número um é não experimentar nada no dia da prova, mas não houve oportunidade antes.

O cenário do Zezere é lindo, desde a partida na Cabeça Ruiva, pela Portela até a aldeia do Mato acabando por ser uma prova bastante dinâmica, sempre rodeada de natureza e paisagens de cortar a respiração. De salientar que junto à meta na Aldeia do Mato existe uma fantástica praia fluvial com restaurante, esplanada e umas cervejas frescas que valeram o esforço por isso acaba um excelente local para trazer a família.

Obrigado a todos os voluntários e organização que certamente muito lutou juntamente com as juntas de freguesia para que o evento acontecesse com medidas além do pedido pela DGS.

Dicas

  • Treinar entradas e saídas de água para criar um ritual e ordem de colocar os óculos, pullboy e palas poupando uns valiosos segundos.
  • Apenas a partir do Garmin Fenix 5 é suportado o modo SwimRun mas infelizmente o Strava ainda não aceita a actividade por isso gravo como corrida.
  • Tirar o auto-lap da corrida e usar as Laps/Voltas do relógio para marcar a entrada e saída na àgua para posterior análise.
  • Treinar as saídas de água e correr sempre alguns bons minutos para estabilizar o ritmo cardiaco.
  • Ter um pullboy maior que os modelos de piscina e estar preso à perna para melhor movimentação na corrida.

Venha a prova de Monsaraz no final de Setembro e se possível com algum treino 🙂

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